Journal of Amazon Health Science Vol.1, n.1, p., 2015.
O AÇAÍ
A espécie vegetal Euterpe
oleracea Mart, popularmente conhecida como açaizeiro ou açaí, ocorre de
forma espontânea na região amazônica, amplamente distribuída na floresta de
várzea no estuário amazônico, estendendo-se ate Venezuela e Guianas. O açaí,
fruto da palmeira do açaizeiro, tem recebido muita atenção nos últimos anos,
devido aos benefícios a saúde associado com a alta capacidade antioxidante e
composição fotoquímica4.
Souza e Bahia (2010)10, afirmam que
além do fator histórico e socioeconômico, o açaí está se tornando um produto de
grande visibilidade no setor nutricional devido ser fonte de diversas
vitaminas, como a vitamina E e B1, assim como também em Ferro, lipídios,
fibras, fósforo, minerais e
antioxidantes, chegando a ser classificado como um dos
alimentos mais ricos em vitaminas, sendo extremamente recomendável na dieta da
população.
Yuyama (2011)11, concluíram que o açaí de diferentes ecossistemas amazônicos
reúne características essenciais para a nutrição humana como fonte de energia,
fibra alimentar, antocianinas, minerais, particularmente, cálcio e potássio, e
os ácidos graxos oléico e linoléico.
Bernaud e
Funchal (2011) 4, em estudos sobre atividade
antioxidante do açaí afirmam que o efeito antioxidante do açaí é quase
totalmente atribuído às antocianinas e que a classe destes flavonóides
tornara-se destaque por seus efeitos protetores contra muitas doenças,
principalmente doenças cardiovasculares e câncer. Os autores são unânimes em
atribuir potencial antioxidante ao fruto do açaizeiro, da sua polpa e ao óleo
extraído.
Para
Nascimento (2008)12, o perfil em ácidos graxos do óleo
de açaí qualifica-o como um óleo comestível especial, pois apresenta
predominantemente em sua composição, ácidos graxos monoinsaturados (de até 61%)
e ácidos graxos poli-insaturados (de até 10,6%), ambos recomendados para
prevenção de doenças cardiovasculares.
Lima (2012)13, afirma que dieta rica em frutas como o açaí que contém
elevados teores de polifenóis proporciona prevenção contra doenças, devido às
propriedades antioxidantes. Por estas propriedades, nos últimos anos, o açaí
tem sido utilizado no mercado nacional e internacional como alimento funcional.
ANTOCIANINAS
As
antocianinas são os compostos hidrossolúveis que contribuem com a maior
capacidade antioxidante, além de serem responsáveis pela cor vermelha escura
característica da polpa do açaí. Quanto mais escuro o tom vermelho da polpa do
açaí, maior será a concentração de antocianinas9.
Até o momento
foram identificadas diversas propriedades farmacológicas e medicinais das
antocianinas, incluindo anticarcinogênica, antiinflamatória, antimicrobiana e
antioxidante, prevenindo a oxidação do LDL, doenças cardiovasculares e
neurológicas. Garantem melhor circulação sanguínea e protegem o organismo
contra o acúmulo de placas de gordura. As principais antocianinas encontradas
na polpa do açaí são representadas pela cianidina-3-glucosídeo, cianidina-3-
rutinosídeo, perlagonidina-3-glucosídeo, cianidina-3-sambiosídeo,
peonidina-3-glucosídeo, peonidina-3-rutinosídeo14 -17.
ÁCIDOS
GRAXOS
Os ácidos
graxos são formados por cadeias de átomos de carbono que se ligam a átomos de
hidrogênio com um radical ácido em uma de suas extremidades. Podem se
apresentar na forma saturada (onde os carbonos apresentam ligações simples) ou
não-saturada (com uma ou mais ligações duplas). No caso de apenas uma dupla
ligação na cadeia, o ácido graxo é denominado monoinsaturado, no
caso de duas ou mais ligações, chama-se poliinsaturado.
A
classificação dos ácidos graxos é fundamentada em quatro aspectos: número de
duplas ligações; comprimento da cadeia de carbono; configuração das duplas
ligações; e posição do ácido graxo na molécula de glicerol. As variações
estruturais dos ácidos graxos implicam modulações distintas da concentração
plasmática do colesterol das lipoproteínas15.
Ácidos
graxos saturados - A
gordura saturada é a principal causa alimentar de elevação de colesterol
plasmático, pois reduz os receptores celulares de apoliproteínas B-E, inibindo
a remoção plasmática das partículas de LDL-c, permitindo, além disso, maior
entrada de colesterol nas partículas de LDL-c. Os ácidos graxos saturados estão
presentes principalmente na gordura animal e alguns alimentos vegetais13.
Ácidos
graxos transisômeros —
Estão presentes naturalmente em baixas quantidades em algumas carnes e
laticínios gordurosos, como um resultado da fermentação bacteriana em animais
ruminantes. Mas ocorrem principalmente nos alimentos industrializados,
(margarinas, biscoitos, bolos, pães, pastéis, batatas chips e sorvetes
cremosos). A hidrogenação dos ácidos graxos
poliinsaturados é um processo que modifica a consistência do óleo, tornando-o
mais "sólido". A gordura vegetal hidrogenada, rica em ácidos graxos trans,
afeta os fatores de risco cardiovasculares (FR), pois provoca o aumento da
colesterolemia, elevando o LDL-c e reduzindo o HDL - colesterol (HDL-c) de
forma similar à das gorduras saturadas. O consumo de produtos com baixo teor de
ácidos graxos trans e de gorduras saturadas promove efeitos benéficos
nas concentrações séricas de colesterol18.
Ácidos
graxos monoinsaturados -
as gorduras monoinsaturadas são mais resistentes ao estresse oxidativo e uma
dieta rica nestes ácidos graxos faz com que as partículas de LDL-c fiquem
enriquecidas com eles, tornando-as menos suscetíveis à oxidação. Na
substituição de gorduras saturadas por monoinsaturadas, as concentrações de
colesterol total são reduzidas e as de HDL-c possivelmente aumentadas16.
Ômega-6 e
ômega-3 — As
gorduras poliinsaturadas subdividem-se em ácidos graxos ômega-6 e ômega-3, são
mais suscetíveis à oxidação. Os AG ω-6 e ω-3 devem ser muito bem diferenciados,
pois são metabolicamente diferentes e possuem funções fisiológicas opostas,
deste modo o equilíbrio nutricional é importante para se conseguir a
homeostasia e desenvolvimento normal do organismo. 18 Alguns estudos mostraram efeitos deletérios dos ácidos graxos
poli-insaturados da série ω-6 quando consumidos em grande quantidade, como
provocar diminuição do HDL e aumentar a suscetibilidade das LDL à oxidação Um
balanço adequado na proporção de ω-6: ω-3 na dieta é essencial no metabolismo
do organismo humano, podendo levar a prevenção de doenças cardiovasculares e
crônicas degenerativas e também a uma melhor saúde mental8.
FIBRAS
Existem dois tipos de fibras alimentares: as solúveis
(pectinas, gomas, mucilagens, algumas hemiceluloses) e as insolúveis (lignina,
celulose, algumas hemiceluloses). Grande parte dos benefícios diretos nas
doenças cardiovasculares (DCVs) estão relacionados às fibras solúveis, como a
redução nas contrações séricas da LDL-c, melhor tolerância à glicose e controle
do diabetes tipo 26. Existem duas hipóteses a respeito
do mecanismo de efeito redutor da concentração sanguínea de colesterol das
fibras solúveis: a primeira estabelece que as fibras solúveis aumentem a
excreção de ácidos biliares, fazendo com que o fígado remova colesterol do
sangue para a síntese de novos ácidos e sais biliares, e a outra indica que o
propionato, produto da fermentação das fibras solúveis, inibe a síntese
hepática do colesterol e, embora ainda haja algumas controvérsias no mecanismo
exato da síntese de ácidos biliares, triglicerídeos e LDL-c em relação às
fibras, o papel preventivo de diferentes fibras na redução do colesterol
plasmático vem-se confirmando cada vez mais11.
As fibras
insolúveis permanecem praticamente intactas através de todo trato
gastrintestinal, diminuem o tempo de trânsito no intestino, aumentam o bolo
fecal e tornam as fezes mais macias, diminuindo a constipação e tendo assim
efeito positivo sobre alguns males, tais como hemorróidas, varizes e
diverticulite6.
As fibras
alimentares também são conhecidas como coadjuvantes no controle do sobrepeso,
devido à sensação de saciedade que promovem, mas o consumo de suplementos à
base de fibras parece não proporcionar os mesmos benefícios que uma dieta rica
neste componente pode trazer15.
ATEROSCLEROSE
A
aterosclerose pode ser definida como um processo inflamatório crônico e
degenerativo que acomete as grandes e médias artérias, sendo caracterizada pelo
acúmulo do espaço subendotelial da íntima de lipídeos, células inflamatórias e
elementos fibrosos. Os estudos desta patologia investigam a hipótese oxidativa
como precursora do processo aterosclerótico. Essa hipótese afirma que a
modificação oxidativa da LDL é característica fundamental para o
desenvolvimento da aterosclerose16.
Assim, de
acordo com essa hipótese, a LDL em seu estado nativo não apresenta propriedades
aterogênicas, sendo necessária a modificação oxidativa dessa lipoproteína para
que ela se torne altamente lesiva ao endotélio vascular1.
Castro (2011)1, afirma que entre os fatores de risco estão o hábito de
fumar, a pressão sanguínea elevada, a obesidade, o diabetes e também as
dislipidemias. Estes se associam de alguma forma, ao estilo de vida e aos
hábitos alimentares e contribuem para o acúmulo de placas gordurosas na íntima
das artérias, resultando na redução do fluxo sanguíneo, caracterizando, assim,
o quadro patológico da aterosclerose.
Campos (2009)18 afirmam que em estudos de prevalência recentes têm
demonstrado que a exposição aos fatores de risco para aterosclerose não se
restringe à população adulta, contrariando desta forma, a crença
generalizada de que crianças e adolescentes estão à margem deste tipo de risco
à saúde. Os mesmos autores afirmam que há a existência de uma relação entre um
estilo de vida fisicamente inativo e hábitos alimentares inadequados com os
fatores de risco para aterosclerose, em especial para aumento do colesterol
total e LDL-C.
De acordo com
a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os fatores de risco cardiovasculares
frequentemente se apresentam de forma agregada a predisposição genética e os
fatores ambientais tendem a contribuir para essa combinação, em famílias com
estilo de vida pouco saudável, o que reforça a importância do consumo de
alimentos que apresentam compostos que contribuam para diminuição do risco de
apresentar doenças cardiovasculares.
O AÇAÍ COMO
ANTIOXIDANTE
Antioxidantes
são compostos que atuam inibindo e/ou diminuindo os efeitos desencadeados pelos
radicais livres e compostos oxidantes. São importantes porque com o combate aos
processos oxidativos tem-se menores danos ao DNA e às macromoléculas,
amenizando assim os danos cumulativos que podem desencadear doenças como o
câncer, cardiopatias e cataratas22.
Considerado um
alimento com alto potencial antioxidante, o açaí possui em sua composição
quantidade considerável de antocianinas responsáveis pela sua coloração, além
de ser rico em pelo menos cinco flavonóides antioxidantes: quercetina,
catequina, epicatecna, rutina e astolbina. Tais flavonóides são carreadores
diretos de radicais livres, desta forma, desempenham um papel importante na
prevenção de doenças cardiovasculares.
Fernando
(2013)20, em uma pesquisa realizada com
indivíduos com sobrepeso que ingeriram a polpa do açaí diariamente por trinta
dias, detectou que o seu consumo diário promove reduções nos níveis séricos de
glicose, de insulina sérica e colesterol total.
Os compostos
presentes no açaí como as antocianinas, são responsáveis por reduzir a produção
de espécies contendo oxigênio reativo que ajuda na normalização dos caminhos
metabólicos que geram doenças como diabetes, disfunção endotelial e doenças
cardiovasculares.
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Açaí ... uma das melhores frutas do norte,,,,sem falar nas propriedades nutricionais que essa frutinha tem,, é uma delícia, bemmmm geladinha com tapioca.....que tentaçãooo!!!
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